Thursday, December 07, 2006

Entrevista Gil Clemente




Gilberto Manuel Marques Clemente, de 29 anos, é o jogador mais antigo do actual plantel do C.R.C.22 de Junho/Amor. Tendo feito a sua formação no S.C.L.Marrazes, de onde saiu em juvenil para representar os juniores do C.R.C.22 de Junho/Amor. Aqui permaneceu durante 4 anos, dois como júnior e dois como sénior. Depois do nosso clube desistir durante um ano rumou ao Industrial Desportivo Vieirense, regressando na época seguinte ao nosso clube, na época de 1997/1998, até hoje. Actualmente, é também vogal da direcção do C.R.C.22 de Junho/Amor.

P. - Sendo o atleta com mais anos de clube, e também director, tens consciência que as tuas responsabilidades dentro do balneário são acrescidas?
R. - Não só tenho mais responsabilidades, como sinto o clube de uma maneira diferente, pois praticamente nasci no clube.
P. - Passada a primeira volta, e do que viste, quais consideras as melhores equipas e com mais condições para lutarem pela subida de divisão?
R. - Eu penso que as equipas com melhores condições para isso, são os Marrazes e as Meirinhas, não só pela qualidade dos atletas e pelo dinheiro que ganham, mas principalmente pela mentalidade ganhadora que têm.
P. - O que é que falta a nossa equipa para puder fazer frente a essas equipas?
R. - O que falta a nossa equipa é termos consciência do nosso valor e mentalizarmo-nos que somos tão bons ou melhores que eles e que podemos ganhar em qualquer campo.
P. - Qual é a tua opinião sobre o pagamento de ordenados a jogadores em clubes como o nosso?
R. - Na minha opinião, o pagamento a jogadores em clubes dos distritais é um mau vicio, que os clubes insistem em manter na perspectiva de serem mais fortes que os outros, mas muitas vezes enganam-se, pois as equipas são boas não só pelos valores e dinheiro que os jogadores ganham, mas sim pelo verdadeiro significado de equipa e espírito de grupo. O pagamento de ordenados, é um erro, pois os clubes não tem capacidades de gerar receitas e os clubes vão assim afundando-se com as suas ambições.
P. - Sendo tu de Amor, acompanhas o clube há muitos anos. A que se deve o afastamento da juventude do clube?
R. - Hoje em dia todos os jovens têm carta de condução, e podem assim deslocar-se para qualquer lado, o que leva a desligarem-se não só do clube, mas também do convívio com a própria juventude.
P. - Ao longo destes anos, já jogaste com muitos jogadores. Destaca-nos dois que penses ainda virem a ter um bom futuro no futebol e porque?
R. - É difícil estar a falar de alguns jogadores que eu já vi jogar, mas eu acho que devemos é realçar os nossos atletas, e como tal destaco o Hugo Neto, um atleta que pode evoluir muito, assim o queira, e se esforce fisicamente e psicologicamente para ser melhor. Outro é o Costinha, que é muito jovem e um muito bom guarda-redes. Mas ambos têm que trabalhar muito.
P. - Já levas muitos anos de clube. Primeiro como adepto, e depois como jogador e dirigente. Destaca-me os que consideras os três melhores jogadores que viste jogar em Amor?
R. - Eu vi muitos bons jogadores, mas destaco o Melga e o Vinagre. Um outro é o Daniel Almeida, que apesar de ter apenas algumas recordações, lembro-me de ele marcar golos de belo efeito.
P. - Do que tens visto no futebol distrital, para se arranjar um bom contrato, achas que o mais importante é realmente o valor do atleta ou os conhecimentos que ele tenha junto de treinadores/dirigentes?
R. - Hoje em dia, é preciso não só ser-se um bom atleta, mas ter sorte e muitos conhecimentos. É pena que assim seja, mas é a realidade.
P. - Em relação ao ano passado, entraram novos jogadores e saíram alguns. Achas que o plantel está mais forte que o ano passado?

R. - A nível de equipa, o treinador, o Senhor Leonel, fez um bom trabalho, pois temos um grupo bastante mais forte. É pena, o Emanuel não jogar, pois ele tinha uma grande capacidade de liderança e era também um bom jogador. Não falo tanto do Vitaly, pois este era um bom jogador, mas destabilizava muito.
P. - Ao longo destes últimos anos, uma das falhas nas nossas equipas, tem sido planteis curtos, com muitos dos atletas a estudar e outros a trabalhar por turnos, o que resultava em poucas presenças aos treinos. Este ano, felizmente isso não está a acontecer. Qual é a tua opinião acerca disso?
R. - Todos nós trabalhamos ou estudamos, faz parte das nossas vidas, pois não somos profissionais, por isso eu não acho uma falha ter um plantel curto, pelo contrário, é uma virtude, pois assim há mais amizade e espírito de grupo.
P. - Com os anos que levas de futebol distrital, partilhas da opinião de muitos que as arbitragens estão cada vez piores?
R. - A nível de arbitragens, acho que são muito más. Penso que a culpa não será dos superiores, mas sim de uma boa parte dos árbitros, que já tem uma certa idade e não tem progressão na carreira. Também há poucos jovens a ir para a arbitragem, o que obriga a aproveitar todos os que vão chegando. Apesar disso, há algumas equipas de miúdos, que tem um bom futuro na arbitragem.
P. - Cada vez há menos equipas a competir nos campeonatos distritais. As despesas são muitas e os clubes não as conseguem suportar. Qual é que achas que é o futuro do futebol no nosso distrito?
R. - O futuro do futebol distrital é negro, pois os clubes amadores pagam mais despesas, que os próprios clubes profissionais, quando deveria ser claramente ao contrário. Os pequenos clubes não tem tantas capacidades monetárias como os grandes, o que leva a serem cada vez menos equipas.
P. - Muitos clubes estão a optar pelo futsal, pois as despesas são menores. Achas que é esse o caminho?
R. - Na minha opinião, as associações tem que diminuir as despesas ao futebol 11, de forma a voltaram a impulsiona-lo, pois este é o desporto nº 1 em Portugal.
P. - Foste durante algum tempo, o capitão das nossas equipas de juniores. Não achas que o clube deveria apostar mais nas camadas jovens?
R. - Sim, é verdade, fui com muito orgulho capitão na equipa de juniores de Amor e era bom que tivéssemos capacidades técnicas e monetárias, que dessem para desenvolvermos as camadas jovens, pois esse era o futuro para o nosso clube. Mesmo a nível nacional, temos que apostar mais nos nossos jovens.
P. - É notório que comparado com há 10 anos atrás, hoje há muito menos pessoas a ver os jogos do nosso clube. Achas que é por a equipa actualmente não ser tão competitiva como a alguns anos atrás ou é a própria sociedade que oferece mais alternativas ás pessoas?
R. - É claro que se a equipa ganhar sempre, vão mais pessoas aos jogos, mas em geral, penso que são as muitas alternativas que existem, acessíveis a qualquer jovem que levam a esta divisão. É o sinal da mudança dos tempos.
P. - O que é que pensas que se deve fazer para voltar a chamar as pessoas?
R. - O clube na minha opinião está no caminho certo, pois é o pessoal que está á frente do clube e as actividades que desenvolvem, que chamam pessoal para o clube. São processos lentos e que levam o seu tempo, pois é difícil, aos clubes, competirem com as muitas ofertas acessíveis aos jovens.
P. - Também costumas participar nas danças de salão. Achas que actividades como essa, e como o ciclo turismo, as marchas, são importantes para o clube?
R. - Sim, penso que são importantes, pois trazem vida ao clube e isso é o que todos queremos.
P. - O clube festeja este ano o seu 30º Aniversário. É uma data importante, o que achas que deveria ser feito para comemorar?
R. - Acho que havia de haver um convívio entre todos os associados, com distribuição de lembranças aos sócios mais antigos e também umas brincadeiras para o pessoal se divertir.
P. - O que é que achas do site do clube?
R. - Penso que foi uma excelente ideia, e que está a ser desenvolvido pelo Boiça e pelo Jorge Grácio.
Data entrevista: 19/03/2005